Um homem de 40 anos, que estuprou e matou uma jovem de 19 anos em Bom Jardim da Serra, foi condenado a 30 anos e seis meses de prisão em regime inicial fechado. O julgamento aconteceu no fórum de São Joaquim nesta quinta-feira (13).
Ele foi acusado pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) por homicídio quadruplamente qualificado, estupro de vulnerável, ocultação de cadáver e fraude processual.
A Promotora de Justiça Stephani Gaeta Sanches foi quem conduziu a acusação, apresentou aos jurados as provas colhidas pela Polícia Civil e pediu a condenação.
— Quando alguém que cometeu um crime é absolvido, automaticamente as pessoas de bem são afetadas — sustentou a representante do MPSC.
Depois da leitura da sentença, o homem foi reconduzido ao presídio para o cumprimento da pena. Ele não poderá recorrer em liberdade.
— A justiça por Júlia foi feita. Agora, nossa missão é buscar a condenação pelo crime contra a ex-companheira. Seguiremos firmes para que todas as vítimas tenham sua voz ouvida — afirmou a Promotora.
O crime aconteceu ainda antes da Lei n. 14.994, que tornou o feminicídio um crime autônomo, ser sancionada. O MPSC explica que a lei não retroage e por isso o homem foi denunciado com base no dispositivo que ainda via o feminicídio como uma qualificadora do homicídio.
Relembre o caso
Segundo informações do processo, o réu abusou sexualmente da vítima no dia 19 de agosto de 2023, e depois a estrangulou até a morte. Em seguida, a enrolou em um tapete e enterrou o corpo na localidade rural de Rabungo.
Ainda, o homem destruiu o celular e as roupas da vítima, além de ter lavado o carro com produtos químicos para apagar os vestígios de sangue.
O corpo de Júlia Antonello Paes só foi encontrado cinco meses depois, já em estado avançado de decomposição. Somente foi possível identificar a jovem a partir de exames periciais na arcada dentária. Até aquele momento, a família acreditava que ela estava desaparecida, e não morta.
Quando o corpo foi encontrado, o réu já estava preso preventivamente por ter matado a ex-esposa na frente dos dois filhos. Esse segundo crime ainda será julgado, em outra sessão do Tribunal do Júri, porém o MPSC alega que as investigações estão relacionadas.
Segundo o delegado Fabiano Schmitt, o suspeito teria assassinado Maria Aparecida da Rosa, de 33 anos, ex-esposa do homem, porque a vítima teria descoberto a morte de Júlia e queria denunciar o ex-companheiro para a polícia.
— As investigações na verdade se cruzam. Ficou evidenciado que a morte da ex-companheira teria sido arquitetada em razão do conhecimento que ela tinha de ele ser o autor da morte da Júlia. Ela era a única pessoa que sabia sobre isso. A suspeita é de que a Maria teria manifestado o desejo de procurar a polícia para denunciar o homem acerca da morte da Júlia — afirmou o delegado na época da prisão do suspeito.
Fonte:NSC