O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a prisão preventiva do coronel Marcelo Câmara, acusado de tentar obstruir as investigações sobre a tentativa de golpe de Estado. A medida já foi cumprida e Câmara está sob custódia da Polícia Federal (PF).
Além da prisão, Moraes ordenou a abertura de um inquérito contra Câmara e seu advogado, Luiz Eduardo de Almeida Santos Kuntz. O motivo seria a tentativa de acesso a informações sigilosas da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid. Kuntz teria informado ao STF que conversou com Cid a respeito do acordo, mesmo sabendo que ele estava proibido de usar redes sociais. As conversas teriam ocorrido por meio de um perfil da esposa de Cid e foram divulgadas pela revista Veja.
Segundo Moraes, há indícios de que Câmara e Kuntz buscaram os termos da colaboração premiada com o objetivo de beneficiar o coronel, o que configura violação das medidas cautelares anteriormente impostas. Câmara, que havia sido libertado provisoriamente, estava proibido de manter contato com outros investigados — o que, na avaliação do ministro, foi desrespeitado por meio da intermediação de seu advogado.
O ministro do STF considerou que o coronel representa risco à investigação e à ordem pública, classificando-o como integrante de uma "organização criminosa violenta" que planejava o monitoramento, sequestro e até assassinato de autoridades, incluindo o próprio Moraes, o presidente Lula e o vice-presidente Geraldo Alckmin.
A decisão também estabelece que Câmara, Kuntz e Mauro Cid sejam ouvidos pela PF no prazo de até 15 dias.
Em nota enviada à CNN, o advogado Renato Marques Martins, que representa Kuntz, criticou a medida. Segundo ele, o advogado apenas exerceu seu dever profissional ao buscar esclarecimentos sobre as condições da delação de Cid, inclusive para verificar se houve coação. Martins afirmou que a abertura de inquérito contra Kuntz é uma tentativa de cercear a atuação da defesa, o que, em suas palavras, “não será admitido em uma sociedade democrática”.