O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), voltou a se manifestar nesta segunda-feira (30) sobre a decisão do Congresso Nacional que derrubou três decretos do presidente Lula (PT) relacionados ao aumento do IOF. A medida representou uma das maiores derrotas do governo no Legislativo em 2025.
Em vídeo publicado nas redes sociais, Motta negou que o Palácio do Planalto tenha sido pego de surpresa, como foi sugerido por interlocutores do governo, e classificou como “fake” a narrativa de traição. “Capitão que vê o barco indo em direção ao iceberg e não avisa não é leal, é cúmplice”, afirmou. Segundo ele, o governo foi alertado de que o tema enfrentaria grande resistência no Parlamento.
A proposta de derrubada dos decretos foi aprovada em menos de 24 horas pela Câmara e pelo Senado, com ampla maioria de votos. Na Câmara, foram 383 favoráveis e 98 contrários. Chamou atenção o fato de que 242 votos vieram de partidos que compõem a base do governo.
Motta defendeu a medida como resposta à insatisfação do Congresso com o aumento de impostos e ressaltou que a decisão teve apoio tanto de parlamentares de esquerda quanto de direita. “A Câmara dos Deputados decidiu derrubar um aumento de imposto que afeta toda a cadeia econômica. A polarização política tem cansado muita gente e agora querem criar uma polarização social”, criticou.
O presidente da Câmara também rebateu acusações de que a Casa estaria agindo contra o governo e repetiu que não serve a partidos, mas ao país. “Se uma ideia for ruim para o Brasil, eu vou morder. Mas, se essa ideia for boa, eu vou assoprar”, disse.
Diante do revés, o governo acionou a Advocacia-Geral da União (AGU) para avaliar a possibilidade de recorrer à Justiça. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou que Lula pediu análise sobre possível invasão de competência do Executivo. Se for confirmado que houve usurpação, o presidente poderá judicializar a decisão do Congresso.