Voos de balão são retomados em Praia Grande após tragédia com oito mortos; novo protocolo de segurança é implementado
Por Administrador
Publicado em 01/07/2025 05:30
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Foto: Flickr/fidalgo_dennis

Pouco mais de uma semana após a tragédia que resultou na morte de oito pessoas, os voos turísticos de balão voltam a acontecer nesta terça-feira (1º) em Praia Grande, no Extremo Sul de Santa Catarina. A retomada ocorre sob um novo protocolo de segurança elaborado por representantes do setor, com aval das autoridades locais.

As operações estavam suspensas desde o acidente ocorrido na manhã de 21 de junho, quando um balão com 21 ocupantes caiu durante um voo turístico. Treze pessoas sobreviveram e oito perderam a vida. O episódio gerou comoção nacional e reacendeu o debate sobre a fiscalização e segurança da atividade.

Segundo Murilo Pereira Gonçalves, presidente da Associação de Pilotos de Balão de Praia Grande, a volta dos voos ocorre com uma série de medidas reforçadas. “Estamos adotando um novo protocolo com pelo menos 25 itens obrigatórios. Nosso objetivo é aumentar o controle e garantir segurança máxima para os passageiros e para os pilotos”, afirmou.

Entre as exigências do novo protocolo estão o uso obrigatório de dois extintores por balão, checklists técnicos rigorosos antes de cada voo, e a criação de uma comissão meteorológica formada por quatro a cinco pilotos experientes. Essa comissão terá a função de avaliar as condições climáticas diariamente e repassar orientações técnicas aos demais profissionais. “É uma forma de manter decisões mais seguras e compartilhadas, especialmente em relação ao clima, que é um fator determinante na operação dos balões”, destacou Murilo.

Desde 2017, Praia Grande se tornou um dos destinos mais procurados do Brasil para voos de balão, atraindo turistas de várias regiões. Estima-se que mais de 40 mil decolagens tenham ocorrido desde então. Atualmente, a atividade é sustentada por cerca de 30 empresas credenciadas, com aproximadamente 70 balões em operação. O setor movimenta de 6 mil a 8 mil voos por ano e emprega diretamente cerca de 500 pessoas na região.

Enquanto os balonistas reorganizam suas práticas internas, as investigações sobre o acidente seguem em andamento. Na última quinta-feira (26), a Polícia Científica realizou a reconstituição do ocorrido com apoio do piloto Elves de Bem Crescêncio, único responsável pela condução da aeronave. A operação buscou esclarecer detalhes técnicos do voo e colher novos vestígios para o inquérito.

Foram analisados também os equipamentos utilizados no balão, e a perícia indicou a necessidade de exames complementares. Embora inicialmente o laudo pericial estivesse previsto para ser concluído em dez dias, o prazo foi suspenso por tempo indeterminado. A estimativa atual é de que as análises levem pelo menos mais 30 dias.

A tragédia gerou forte repercussão no país e provocou uma onda de questionamentos sobre a regulamentação e a fiscalização da atividade turística com balões. Diante disso, tanto autoridades municipais quanto profissionais do setor demonstraram disposição em adotar medidas preventivas mais rígidas.

 

Com a retomada marcada para esta terça-feira (1º), a expectativa é de que os voos retornem de forma gradual, com um novo olhar voltado à prevenção e à responsabilidade operacional. “A segurança precisa ser o eixo central de tudo o que fazemos. Estamos conscientes do impacto que esse acidente causou e queremos garantir que nunca mais algo semelhante aconteça”, concluiu o presidente da associação.

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