Tarifaço dos EUA atinge Joinville e Jaraguá do Sul; municípios catarinenses estão entre os mais impactados do país
Por Administrador
Publicado em 11/08/2025 20:50
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Cinco dias após o início da tarifa extra de 50% imposta pelo governo de Donald Trump a produtos brasileiros, Joinville e Jaraguá do Sul aparecem entre as dez cidades mais afetadas do Brasil, segundo levantamento do Estadão com base em dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Jaraguá ocupa a 6ª posição e Joinville a 9ª.

O estudo considerou os produtos que mais foram exportados aos Estados Unidos em 2024 e que passaram a ser alvo da taxação. Entre eles estão café, carne bovina, frutas, produtos têxteis, calçados e móveis.

Jaraguá do Sul exportou US$ 245 mil em máquinas, aparelhos e materiais elétricos, além de equipamentos de áudio e vídeo. Joinville enviou US$ 228 mil em caldeiras, máquinas e instrumentos mecânicos. Ambas também figuram em outras posições do ranking com outros produtos.

As regiões Sul e Sudeste aparecem com mais frequência na lista, mas Norte e Nordeste tendem a sentir mais impacto social devido à forte dependência de setores de baixo valor agregado, como têxteis, pescado e frutas.

Donald Trump assinou, em 30 de julho, a ordem executiva que oficializa as tarifas. Uma lista de quase 700 produtos foi excluída, entre eles aeronaves, suco de laranja, fertilizantes e madeira.

Reação em Joinville
Joinville destina 20% de suas exportações aos EUA, com destaque para componentes automotivos (blocos de motores e peças para linha média/pesada) e compressores. O secretário da Fazenda, Fernando Bade, representou a cidade em reunião da Frente Nacional de Prefeitas e Prefeitos com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, em Brasília.

O principal pleito foi incluir produtos automotivos de linha média/pesada na lista de exceções, que já contempla a linha leve, ou conceder 90 dias para negociações. A cidade também pediu que não haja retaliações tarifárias por parte do Brasil e defendeu ações compensatórias, como retomada do Reintegra, desoneração da folha para setores exportadores intensivos em mão de obra e linha de crédito especial subsidiada.

Preocupação em Jaraguá do Sul
Jaraguá do Sul discute simultaneamente o tarifaço e a implementação do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), que substituirá ISS e ICMS. O secretário da Fazenda, Tiago Coelho Przywitowiski, alerta que a arrecadação passará a ser baseada no consumo, e não na produção, o que pode prejudicar cidades industriais com população menor.

Em 2024, Jaraguá exportou mais de US$ 1 bilhão, sendo 25% para os EUA. A WEG responde por 90% desse montante. “Empresas podem diminuir empregos ou demitir, gerando efeito cascata na economia local”, disse o secretário.

Impacto estadual
O economista-chefe da Fiesc, Pablo Felipe Bittencourt, estima queda de 0,3% no PIB catarinense em até dois anos, considerando que a economia estadual cresce em torno de 3,5% a 4% ao ano. Entre os setores mais atingidos estão madeira, móveis, máquinas, motores, geradores elétricos, compressores, motobombas, carnes, mel e pescado.

Muitas empresas desses ramos têm produção quase totalmente voltada ao mercado norte-americano, e já registram redução de pedidos, férias coletivas e demissões. “Grande parte da nossa produção de mel vai para os EUA. Isso vai ter um impacto grande nos produtores das regiões mais altas, onde o mel é de qualidade diferenciada”, afirmou Bittencourt.

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