A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) autorizou um novo reajuste nas tarifas da Celesc, que começa a valer já nesta sexta-feira (22 de agosto). Os consumidores residenciais terão um aumento de 12,3% na conta de luz, valor que supera em mais de duas vezes a inflação acumulada nos últimos 12 meses, de 5,23%, conforme o IPCA.
O impacto também será sentido por outros perfis de consumidores: para os clientes de baixa tensão — grupo que inclui pequenos comércios, áreas rurais e pequenas indústrias — o reajuste médio será de 12,41%. Já os consumidores de alta tensão, como grandes indústrias, enfrentarão um aumento ainda mais expressivo, de 15,8%.
Reajuste médio na concessão
De forma geral, o reajuste médio na área atendida pela Celesc será de 13,53%, segundo informações divulgadas pela própria distribuidora. A empresa ressalta que, se fossem desconsiderados os encargos setoriais — valores que ela apenas arrecada e repassa ao setor elétrico — o reajuste efetivo seria de 5,67%.
A Celesc afirma que, mesmo com o aumento, a tarifa residencial continua abaixo da média nacional e está alinhada à inflação de longo prazo. Segundo a companhia, o índice também ficou abaixo do IGPM acumulado nos últimos quatro anos.
O que está por trás do aumento
O principal fator que impulsionou o reajuste este ano foi o crescimento expressivo dos encargos setoriais, que compõem a chamada Parcela A da tarifa. Essa parte da conta corresponde a valores repassados obrigatoriamente a outros agentes do setor elétrico, como empresas de geração e transmissão, além de fundos setoriais.
A Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) foi a principal vilã, com um aumento de 36% em relação a 2024. Esse fundo federal financia programas como o Luz para Todos, incentivos à energia renovável e subsídios a regiões isoladas.
Além disso, medidas provisórias do governo federal também impactaram a tarifa. Entre elas:
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MP 1.232: ampliou os custos cobertos pela CDE;
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MP 1.300: aumentou benefícios da Tarifa Social;
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MP 1.304: criou um teto para arrecadação da CDE, mas sem reduzir imediatamente os custos.
Já a Parcela B, que cobre os custos operacionais da Celesc (como manutenção da rede e investimentos em infraestrutura), teve um impacto bem menor, de apenas 1,04% no reajuste médio.
Composição da conta de luz
Para entender melhor o destino do valor pago na fatura, a Celesc explica que, de cada R$ 100 pagos, apenas R$ 15,80 ficam com a empresa para cobrir seus custos e investimentos. O restante é destinado a outros agentes do setor elétrico.
Comparativo com anos anteriores
Nos anos anteriores, os aumentos foram bem mais modestos. Em 2023, por exemplo, o reajuste foi de 3,64% para residências, abaixo da inflação daquele ano (3,99%). Já em 2024, o acréscimo foi de 4,19% para consumidores residenciais e de baixa tensão, enquanto as grandes indústrias tiveram aumento de apenas 0,75%.
Com o reajuste de 2025, o impacto no bolso será bem mais sentido — sobretudo porque ele vem em um cenário de inflação relativamente controlada e representa quase o triplo do aumento do ano passado.