Apesar do bom desempenho no início do ano, a economia de Santa Catarina começou a perder ritmo nos últimos meses devido aos impactos dos juros básicos elevados e às incertezas no mercado internacional.
Segundo dados do Índice de Atividade Econômica Regional (IBCR-SC), divulgado pelo Banco Central e considerado uma prévia do PIB, o Estado acumulou crescimento de 6,1% entre janeiro e maio de 2025 em comparação com o mesmo período do ano passado. No entanto, o indicador registrou retrações consecutivas: -1,3% em abril e -0,3% em maio, na comparação com os meses imediatamente anteriores, com ajuste sazonal.
O Observatório Fiesc, da Federação das Indústrias de Santa Catarina, que acompanha o desempenho econômico do Estado, ressalta que as quedas refletem o impacto do ciclo de elevação da taxa Selic, iniciado em setembro de 2024, além de fatores externos que vêm afetando a confiança e o ritmo da economia.
De acordo com a economista Camila Morais, do Observatório Fiesc, o crescimento mais acelerado no começo de 2025 teve influência da base de comparação favorável — já que a economia estava em recuperação no primeiro trimestre do ano passado — e também do bom desempenho do agronegócio.
Entre os setores que sustentaram o crescimento até maio estão a indústria, o comércio e os serviços. A produção industrial acumulou alta de 4,8% no período, com destaque para os segmentos de produtos de metal (+19,3%), móveis (+10,3%) e minerais não metálicos (+9,4%).
O comércio varejista ampliado cresceu 5,1%, puxado pelos grupos de produtos de uso pessoal e doméstico (+15,5%), materiais de construção (+8,8%), hipermercados e supermercados (+8,1%) e tecidos, vestuário e calçados (+7,2%).
No setor de serviços, a alta foi de 5%, com destaque para serviços prestados às famílias, como hotéis e restaurantes (+10,9%), e atividades turísticas (+9,7%).
Apesar dos números positivos no acumulado do ano, os resultados mais recentes indicam um cenário de alerta. A desaceleração reforça a importância de monitorar os próximos meses, especialmente diante da continuidade das taxas de juros elevadas e da instabilidade no mercado global.