No Brasil, um a cada cinco jovens faz uso de cigarros eletrônicos. É o que aponta uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Pelotas (RS). O estudo mostra, ainda, que esse tipo de cigarro — também conhecido como vape — é mais consumido por jovens com idades entre 18 e 24 anos.
Apesar de ainda não ser regulamentado no Brasil, o cigarro eletrônico é vendido livremente, o que, segundo especialistas, aumenta os riscos aos usuários, já que por serem ilegais, não há controle da entrada do produto no país e das substâncias que são utilizadas nesses dispositivos.
“As pessoas que tiveram a oportunidade de adquirir esses dispositivos em países onde já existe uma regra sanitária, quando ela usa esse dispositivo que obedece a uma regra sanitária, ela sente uma diferença na sua saúde. Ela passa a ter uma vida mais saudável, ainda que ela não consiga, às vezes, cessar o hábito”, afirma a ex-diretora da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e consultora BAT, Alessandra Bastos.
Falta de regulamentação prejudica fiscalização
Sem regulamentação, a fiscalização é prejudicada. Se existissem regras para venda e uso, por exemplo, o consumo do produto por menores de 18 anos poderia ser inibido.
Nos países onde há regulamentação, o índice de consumidores abaixo de 18 anos é menor do que no Brasil, onde a taxa de menores de idade que experimentaram o produto é de 16,8%.
“Quando nós observamos a evolução desse jovem que experimentou o cigarro eletrônico nos países onde há a regra, você vê que, desses jovens, apenas 1% continua a utilização do cigarro eletrônico. Para o público jovem, eu sequer posso pesquisar. E por que eu não posso fazer pesquisas sobre a saúde do cigarro eletrônico no Brasil? Porque a importação deste produto, inclusive, é proibida até para a pesquisa”, diz Alessandra Bastos.
O Senado Federal realizará uma audiência pública, no final deste mês, com o objetivo de debater a importância da regulamentação do cigarro eletrônico.
A Anvisa informa que há um processo de discussão regulatória sobre os dispositivos eletrônicos, mas só divulgará informações sobre o assunto depois que ele for finalizado.